As próximas semanas serão marcadas pelas listas de convocação das seleções que vão disputar o Mundial da África do Sul. O técnico Dunga vai anunciar os 23 jogadores brasileiros no dia 11 de maio, e até lá a grande dúvida vai persistir: Dunga vai se curvar aos pedidos de boa parte da imprensa e da torcida e chamar Paulo Henrique Ganso e Neymar, jovens craques do Santos?
E, para entrar no clima das convocações, o Yahoo! Esportes lembra cinco jogadores chamados de última hora nos Mundiais. Algumas delas entraram para a história por sua importância, como é o caso, sobretudo, de Paulo Rossi, em 1982. Outras caíram no folcore, como aconteceu com o lateral-direito Zé Carlos, do Brasil, em 1998. Veja os eleitos:
Copa 1982 - Paulo Rossi, Itália
A seleção da Itália era pura decadência nos anos que antecediam a Copa do Mundo da Espanha, de 1982. Um escândalo chacoalhava o futebol do país. Em 1980, o artilheiro Paulo Rossi, então jogador da Juventus, foi acusado e condenado por participar de um esquema de manipulação de resultados quando defendia o Perugia, em 1978. Ele foi suspenso por três anos do futebol, o que o deixaria fora do Mundial de 1982.
O problema é que Rossi era um dos principais jogadores italianos, tendo disputado a Copa do Mundo de 1978 e nela marcado três gols. A seleção da Itália lutou para que ele tivesse a pena abrandada. E, em cima da hora, conseguiu: Rossi voltava a ter direito a participar de jogos de futebol faltando três meses para o início da Copa. A Itália, na primeira fase, foi mal e quase não se classificou: em um grupo com Peru, Camarões e Polônia, os italianos empataram as três partidas e se classificaram em segundo lugar, conquistando a vaga sobre Camarões no saldo de gols.
No entanto, na segunda fase, a Itália explodiu: era considerada a zebra no triangular contra Argentina e Brasil. Derrotou os argentinos por 3 a 1 e os brasileiros por 3 a 2 - nesta partida, Paolo Rossi marcaria seus três primeiros gols no Mundial. Nas semifinais, Rossi marcaria os gols da vitória contra a Polônia (2 a 0) e mais um na final contra a Alemanha Ocidental, 3 a 1. Aquele que não era para ter participado da Copa acabou sendo o artilheiro e principal jogador da conquista do Tri Mundial italiano.
Copa 1994 - Ronaldão, Brasil
Ronaldo Rodrigues de Jesus era daqueles zagueirões-armário extremamente sérios. No entanto, quando chegou ao São Paulo em 1986, vindo do Rio Preto, atuava ainda pela lateral-esquerda. Quem viu seu potencial para a defesa foi o técnico Telê Santana que, precisando de um substituto para o ídolo Ricardo Rocha, que se transferiu ao Real Madrid em 1991, improvisou Ronaldão ali. Deu certo: ele era titular do Tricolor Paulista nos dois titulos mundiais, em 1993 e 1994. Sempre chamado de Ronaldão - embora não gostasse, preferindo sempre ser chamado apenas por "Ronaldo", o defensor aproveitou a febre do futebol japonês e se transferiu para o Shimizu meses antes da Copa do Mundo.
Ele havia sido chamado algumas vezes para a seleção brasileira desde 1991, mas não era mais cotado para a Copa de 1994. Na convocação oficial, o técnico Carlos Alberto Parreira chamou os zagueiros Mozer, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha e Aldair. O primeiro, que atuava pelo Benfica, foi cortado por conta de uma suposta hepatite, sendo Marcio Santos, da Fiorentina, chamado para substituí-lo. Dias antes da estreia na Copa do Mundo, o titular Ricardo Gomes sofre uma contusão no amistoso contra El Salvador e é cortado do Mundial. A expectativa era de que Cleber, do Palmeiras, fosse chamado para substituí-lo - o Palmeiras era a principal equipe do país naquele momento e Cleber vinha em fase ascendente. No entanto, Parreira surpreendeu ao chamar Ronaldão, já atuando no distante futebol japonês.
Ronaldão embarcou rumo aos Estados Unidos incomodado com o apelido no aumentativo. Queria ser chamado de "Ronaldo" apenas. No entanto, ao desembarcar na concentração do Brasil, perto de San Francisco, viu o técnico Parreira soltar um "Bem-vindo, Ronaldão". Como já havia o menino Ronaldo Nazário no time, Ronaldão ficou sendo o Ronaldão mesmo. O futuro fenômeno ficaria sendo o Ronaldinho.
Ronaldão não jogou nenhuma partida naquele mundial.
Copa 1998 - Zé Carlos, Brasil
Até o ano de 1997, pouca gente havia ouvido falar do lateral-direito Zé Carlos, que o São Paulo havia comprado junto à Matonense, clube do interior paulista. Em 1998, o lateral nascido em Presidente Bernardes (SP) e que tinha então com quase 30 anos desembestou a jogar bem. Jogou tão bem que, inesperadamente, o técnico Zagallo, do Brasil, o convocou para o Mundial da França no lugar do contundido volante Flavio Conceição, mesmo sabendo que Zé Carlos tinha experiência zero em seleção brasileira.
Zé Carlos ficou tão feliz por ser chamado que se apresentou ao time imitando bichos junto aos repórteres. Considerado uma pessoa simples e brincalhona, foi um agregador dentro do elenco.
Mas o fato é que sua inexperiência poderia se transformar em um problema caso o titular Cafu sofresse alguma contusão ou fosse suspenso. E isso aconteceu: Cafu tomou o segundo amarelo na partida contra a Dinamarca, nas quartas de final da Copa, e teve que dar lugar a Zé Carlos logo na semifinal contra a poderosa Holanda. Sem experiência, Zé Carlos foi talvez o pior jogador em campo. O Brasil se classificou à final nos pênaltis após o empate em 1 a 1 no tempo normal.
Copa 2006 - Franck Ribery, França
A França vinha com um time velho para a Copa da Alemanha, com muitos remanescentes da geração campeã de 1998. Não conquistava bons resultados desde o fiasco da Copa 2002, e se classificou ao Mundial graças ao bom desempenho de Zidane nas últimas partidas das Eliminatórias. Precisando de sangue novo no time, boa parte da imprensa e torcida francesas pedia ao técnico Reymond Domenech a convocação do jovem Franck Ribery, do Olympique de Marselha.
Ribery tinha pouco menos de 23 anos e até um anos antes da Copa jogava pelo modesto Metz. Transferiu em 2005 para o Galatasaray, da Turquia, onde fez sucesso. No mesmo ano, foi jogar no Olympique de Marselha que, apesar do time fraco, deu espaço para Ribery jogar em alto nível quase todas as partidas.
Raymond Domenech fez beicinho para sua convocação nos amistosos do início do ano, mas, surpreendentemente, o nome de Ribery estava na lista definitiva para o Mundial, mesmo sem nunca ter sido chamado antes. E, na Alemanha, Ribery conseguiu desde o início jogar como titular. Era o sangue novo que faltava ao time francês.
A França chegou até a final da Copa, perdendo para a Itália somente nos pênaltis. Ribery marcou um gol (nas oitavas de final, contra a Espanha) e foi eleito um dos melhores meias-atacantes da competição.
Copa 2006 - Theo Walcott, Inglaterra
A convocação do jovem Walcott, então com 17 anos, para a Copa do Mundo 2006 pela seleção inglesa, foi um tanto bizarra. Walcott jamais fora convocado, tanto para a seleção titular quanto para a Sub-20. Mais que isso: ele nunca havia entrado em campo como jogador principal do Arsenal, clube que defendia.
No mesmo instante em que o técnico Sven Goran Eriksson anunciava a lista de convocados, com Walcott incluso, o jovem fazia um teste teórico para tirar a carteira de motorista. Saiu da prova, ligou o celular e seu pai deu a inacreditável notícia.
Eriksson declarou que escolheu Walcott por conta de sua rapidez - de fato, atualmente ele é considerado o jogador mais rápido do futebol inglês, de acordo com testes de resistência. Mas Wallcott não chegou a participar de nenhum jogo do Mundial por sua seleção.
O técnico também imaginava que a convocação do jovem poderia dar-lhe bagagem para Copas do Mundo futuras. Em 2010, ele luta para ser titular do English Team.
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