"Tropa de elite 2" A pirataria roubou de José Padilha a chance de ser um dos campeões de bilheteria de 2007. Com objetivo frustrado, o diretor encarou a sequência de “Tropa de elite” como “missão dada é missão cumprida”. “Tropa de elite 2” não apenas liderou rankings semanais, como também atingiu um recorde histórico: tirou de “Dona Flor e seus dois maridos” o título de filme mais visto do cinema nacional, ultrapassando a marca dos 10,7 milhões de espectadores. Tudo graças a um eficiente esquema anti-pirataria e um roteiro politizado, que trouxe o Capitão Nascimento de Wagner Moura 15 anos mais velho e calejado pela rotina de combate ao tráfico nas favelas cariocas. Mesmo com tanto sucesso, Padilha pede pra sair e garante que não pretende fazer uma terceira parte da saga policial. (Dolores Orosco) | |
Onda espírita: 'Chico Xavier' e 'Nosso lar' No ano em que a comunidade espírita celebrou o centenário de um de seus maiores ícones, o cinema se rendeu à espetacular trajetória de Chico Xavier. Daniel Filho, especialista em falar com as massas, dirigiu a cinebiografia do líder religioso em uma produção competente que trouxe os atores Nelson Xavier (brilhante!), Ângelo Antonio e Matheus Costa interpretando o médium mineiro em diferentes momentos da vida. Assim como “Chico Xavier”, “Nosso lar” fez bonito nas bilheterias, mas com uma estratégia diferente: se inspirou na obra psicografada por Chico, em um longa cheio de efeitos visuais que o fez ser apelidado de “Avatar espírita”. (DO) | |
"A origem" Em qual dos “níveis” de consciência os personagens estavam, afinal? O que há por trás daquele desfecho enigmático? O que é que o diretor Christopher Nolan tentava dizer? Muita gente esquentou a cabeça tentando responder a essas questões, mas há outros méritos em “A origem”. Nolan conseguiu encapsular uma trama altamente espinhosa numa produção descaradamente hollywoodiana. E se manteve pop: cenas de tiroteio, explosões e efeitos especiais de encher os olhos, capazes de distorcer prédios e avenidas como se fossem feitos de borracha. Para os que gostam de teorias mirabolantes, as ambiguidades (propositais) do roteiro ainda deram espaço para inesgotáveis debates sobre seu real significado.(Marcus Vinícius Brasil) | |
"A ilha do medo" Em sua quarta parceria com Martin Scorsese desde "Gangues de Nova York", Leonardo DiCaprio vive um detetive endurecido cuja missão é investigar o desaparecimento de uma paciente de um manicômio isolado em uma ilha ultravigiada. À medida que vai recolhendo novas pistas, novas perguntas surgem até que, em determinado momento, todos se perguntam: quem é o louco e quem é o são por ali? O efeito no espectador - de profunda ansiedade para desvendar os nós da história - é parecido com o de quem vê "A origem", mas as referências de Scorsese são outras: a ficção científica de Fritz Lang, os clássicos de Billy Wilder e o cinema noir da década de 50. Fosse ele brasileiro, daria até para acrescentar um "Alienista" de Machado nesse balaio. (Diego Assis) | |
"A rede social" Filme sobre a história do Facebook? Só um rascunho disso: “A rede social” é um verdadeiro retrato da Geração Y. Está tudo ali: bullying virtual, crise da indústria fonográfica, questões autorais em tempo de web... Méritos para o diretor David Fincher, que transformou um tema tedioso e de nicho em um thriller (nerd) dos bons, de edição alucinante, ótimos diálogos e atuações inspiradas. Méritos também para a trilha sonora de Trent Reznor (Nine Inch Nails), que ajuda a segurar a tensão nos melhores momentos. Será que os tiozinhos do Oscar vão se render ao filme - e ao Facebook – depois dessa? (Gustavo Miller) | |
"O segredo dos seus olhos" Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, o longa argentino dirigido por Juan José Campanella vale só pela cena rodada no estádio do Huracán. Quem não curte futebol se arrepia, quem gosta se arrepia mais ainda. Méritos também para a atuação do protagonista Ricardo Darín e do roteiro mais do que bem costurado. Ele vai da comédia romântica ao drama, passando por sequências pertubadoras e cenas de perseguição de fazer cair da cadeira. Que a zombaria brasileira com argentinos continue no terreno do futebol, porque quando se fala em cinema é melhor ficar bem quietinho... (Braulio Lorentz) | |
"Toy story 3" Qual foi a última vez em que uma animação o fez chorar no cinema? "O Rei Leão", em 1994? "Bambi", em... 1942?! - tudo bem, vale o DVD. Mas inclua "Toy story 3" nesta lista. A despedida do caubói de pano Woody e do astronauta Buzz Lightyear de seu dono, o ex-garotão Andy, que agora cresceu e vai para a faculdade, pode desde já ser considerada como um dos mais sublimes momentos da animação de todos os tempos. Sempre prudentes com o momento certo de retomar ou encerrar uma franquia - artigo raro na Hollywood de hoje - , os profissionais da Pixar levaram 11 anos para reabrir o baú de brinquedos da série, e quando o fizeram perceberam que não só os personagens mas o seu público havia crescido, criando uma gostosa homenagem à infância de quem há tempos abandonou sua Barbie ou boneco Comandos em Ação no fundo de um armário escuro. (DA) | |
"Scott Pilgrim contra o mundo" Ser a melhor adaptação cinematográfica de uma HQ do ano é um belo mérito devido à avalanche de filmes que são lançados inspirados em quadrinhos. E “Scott Pilgrim” conseguiu essa proeza com folga. Surreal e divertido, o filme de Edgar Wright se aproveita da linguagem pop dos mangás e dos videogames 16-bits para contar uma criativa história de “boy meets girl”. O filme demorou meses para chegar aos cinemas nacionais e, quando veio, ficou limitado a duas salas de São Paulo. Uma pena: quem era fã mesmo já o tinha visto na internet, inclusive com legendas em português. (GM) | |
"As melhores coisas do mundo" Depois de “Bicho de sete cabeças” (2001), a cineasta Laís Bodanzky voltou ao universo jovem e fez um registro sincero e antenado do adolescente brasileiro de classe média. “As melhores coisas do mundo” aborda o bullying escolar, a iniciação sexual, a conectividade e o complicado relacionamento entre pais e filhos nessa fase. Tudo pela ótica do estudante Mano, vivido pelo ator estreante Francisco Miguez, excelente em cena. O filme foi unanimidade entre os críticos e abocanhou os principais prêmios em festivais do país ao longo do ano. Para quem ainda enquadra a produção nacional em rótulos como “favela movie” e outros clichês, “As melhores coisas do mundo” é o melhor antídoto.(DO) | |
"Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas" Existe o cinema de Hollywood, o do Brasil e o da Argentina. E existe o cinema de Apichatpong Weerasethakul. Vencedor da Palma de Ouro doúltimo Festival de Cannes com a bênção de Tim Burton, o jovem diretor tailandês de nome difícil fez um dos filmes mais revigorantes do ano, que nos lembra, afinal, do que o cinema é formado: imagens e som. Assistir ao filme é se embrenhar com o simpático - e simplório - Tio Boonmee pelas florestas tropicais da Tailândia, avistar um macaco-fantasma aqui e um peixe falante acolá e, sobretudo, escutar a pulsação incessante dos espíritos que habitam cada centímetro da natureza. Parece "papo-cabeça", "maluquice" ou "filme de arte", mas é exatamente disso que o cinema vem precisando: reconquistar olhos e ouvidos do espectador. (DA) | |
Nós... ou ele? Dois anos depois de dizer que estava abandonando o cinema para se dedicar à carreira de rapper, incluindo uma aparição no 'David Letterman show' que deixou todos pensando que o ator tinha, de fato, pirado, Joaquin Phoenix finalmente abriu o jogo: tudo não passou de uma farsa para a gravação do falso documentário 'I'm still here', dirigido por seu cunhado Casey Affleck. Exibido pela primeira vez no festival de Veneza, em setembro, o filme mostra Phoenix agindo como um completo babaca e protagonizando cenas constrangedoras como as apresentações que revelam sua total inabilidade para o rap já divulgadas no YouTube e o momento em que um assistente literalmente defeca sobre sua cabeça enquanto dorme. Era para ser uma espécie de 'Punk'd' ou 'Borat', mas no final das contas ninguém riu: o filme foi um fiasco comercial (menos de meio milhão em bilheterias mundiais até agora) e muitos críticos disseram que o ator pode ter ido longe demais em seu 'suicídio profissional'. (DA) |
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