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segunda-feira, 21 de junho de 2010

O destempero de Dunga

Não se trata de um texto corporativista.Trata-se de prezar pela boa educação.
Dunga tem seus métodos, suas vitórias e seu histórico (quase) irretocável, até aqui, no comando da Seleção. Ótimo.
Dunga tem suas manias. Okay.
Dunga quis mudar o modus operandi da cobertura jornalística da Seleção Brasileira - e nisso tem mais méritos do que deméritos.

Mas falta de educação não funciona em lugar algum do mundo. Muito menos em uma cerimônia oficial da Fifa após mais uma vitória do seu time (só o mais famoso do mundo) na Copa do Mundo (maior evento esportivo do planeta).
As palavras baixas e impublicáveis ditas pelo técnico para o jornalista da Globo Alex Escobar representam o ápice de uma história de birrinhas e diz-que-disse entre Dunga e a imprensa.
Trata-se de uma briga que ele alimenta há 20 anos, desde quando foi apontado como o símbolo da derrota na Copa de 1990. Para quem não se lembra, quatro anos depois, Dunga levantou a taça de campeão do mundo gritando palavrões para os fotógrafos e câmeras do mundo inteiro captar.
Os motivos pelos quais ele elegeu os jornalistas como os principais rivais neste Mundial não são muito claros (e por vezes são irracionais), mas nada justifica o destempero na coletiva de ontem.
Um homem patriota deveria apreciar a democracia e as várias maneiras de pensar.
Dunga não ofendeu só Alex Escobar, mas todos que estavam naquela sala de imprensa e também (principalmente) todos que assistiram à coletiva: gente muito mais numerosa do que aqueles que ele quis atingir.
Para quem não sabe o que aconteceu: Dunga interrompeu a entrevista para interpelar Escobar. "Você está falando comigo?" O jornalista não estava. Ele falava com o colega Tadeu Schmidt ao telefone e, quando balançou a cabeça negativamente, Dunga imaginou que estava discordando de sua resposta. Foi o bastante para que o técnico passasse quase meia hora resmungando palavrões captados com clareza pelo sistema de som da sala de imprensa. Uma vergonha.
Respeito é bom e todo mundo gosta. Todo mundo. Em qualquer lugar do mundo.

Mais repercussão sobre o tema, via twitter:
Neto, colunista do Yahoo e da Band:
"O clima entre o técnico Dunga e a TV Globo aqui na África é o pior possível. Os xingamentos contra o Alex Escobar ecoaram negativamente. O Escobar, por sinal, é um baita de um profissional. O ódio desse senhor com a imprensa não faz o menor sentido."
Sidney Rezende, jornalista da Globonews:
"A função de técnico no Brasil é muito difícil e Dunga já tem, por natureza, um temperamento explosivo. Pressionado, a exemplo que sofre um presidente da República, os nervos ficam mesmo a flor da pele. Ele é humano e explodiu. Na minha opinião, ele errou. Ninguém pode perder o equilíbrio emocional. Jamais. Do alto da função e autoridade de Dunga, ele tem a obrigação de se policiar."
Maurício Noriega, comentarista do Sportv:
"Estou solidário ao companheiro Alex Escobar, nova vítima do rancorde Dunga. Pra xingar o Alex, tem que estar muito de mal com a vida. "
Zé Gonzalez, editor do Globoesporte.com:
"Não torço contra nem a favor da Seleção Brasileira. Apenas não torço. Desde 1994. E não consigo me imaginar torcendo por alguém como o Dunga.(...) Tem gente que precisa de um amor, de um herói, de colo, de um amigo... O Dunga tem necessidade em colecionar inimigos."
Mauro Cezar Pinheiro, comentarista da ESPN Brasil:
"Críticas ao trabalho de um técnico de seleção ou time grande, a um ministro, prefeito, presidente, ator, são inerentes a tais atividades e não devem ser levadas para o lado pessoal. Quem não quer conviver com elas deveria se esconder em casa e também renunciar aos elogios."

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