Em época de Copa do Mundo sempre aparecem listas sobre craques do futebol que jamais tiveram a oportunidade de jogar o principal torneio do esporte. O Terra publicou recentemente uma ótima relação, que traz os óbvios George Best e George Weah e outros menos conhecidos como José Manuel Moreno e Alberto Spencer.
Pensei em criar lista análoga, mas que incluísse somente brasileiros. Mas sempre há o temor de cometer alguma injustiça histórica - por mais que eu leia, pesquise e tal, jamais me considerarei um especialista na história da bola a ponto de cravar quais seriam os dez melhores brasileiros que não vestiram a amarelinha em uma Copa.
Então tive a ideia de estabelecer uma relação mais factível e menos sujeita a erros. Ela segue abaixo. É dos jogadores brasileiros que não jogaram Copas do Mundo e cujo período de atividade se deu de 1991 em diante - que é a partir de quando comecei a acompanhar pra valer o nosso futebol.
Aí vai, pronta pra ser devidamente criticada e palpitada pelos leitores:
"Zé Maria? O cara cria uma lista com os 'craques brasileiros que não jogaram Copa e vem falar do Zé Maria?". Realmente, Zé Maria não é um craque e seguramente é o mais opaco de todos os nomes que listarei aqui. Mas sua inserção na lista se faz pela posição em que atua, a lateral-direita. Se pensarmos que a lateral já teve o bizarro Zé Carlos como titular em semifinal de Copa, não é nada estranho afirmarmos que Zé Maria é um que poderia ter atuado pela seleção em um Mundial.
9- Djalminha (meia, ex-Palmeiras, Guarani e Flamengo)
Se Kaká jogará em 2010 sua terceira Copa do Mundo, deve dar parte do crédito disso a Djalminha. Não é boato: o ex-palmeirense estava na lista final de Felipão para a Copa de 2002, mas a cabeçada que deu no técnico Javier Irureta às vésperas do anúncio da delegação implicou na sua exclusão do grupo que acabaria pentacampeão. Djalminha foi craque, mas ao mesmo tempo irregular e indisciplinado. Por isso teve que ver os mundiais pela TV.
8- Ronaldo (goleiro, ex-Corinthians)
Ronaldo é um dos maiores goleiros da história do Corinthians - talvez só perca para Gilmar dos Santos Neves entre os melhores titulares da camisa 1 alvinegra. Mas, assim como Djalminha, sofria de irregularidade e indisciplina. Por isso não teve vida longa na seleção. Aliás, salvo engano, sua vida na seleção se limitou a uma única partida, um triste Espanha 3x0 Brasil na estreia de Paulo Roberto Falcão como técnico canarinho.
7- Válber (zagueiro, ex-São Paulo, Vasco e Botafogo)
Mais um que tem o comportamento como principal motivo de nunca ter jogado uma Copa. Válber comeu a bola no São Paulo bicampeão mundial em 1992/93 e foi figura constante na seleção brasileira nas Eliminatórias para a Copa de 1994. Mas os inúmeros cansaços que deu a Telê Santana nas concentrações do Tricolor acabaram por cansar a paciência de Carlos Alberto Parreira, e Válber acabou jamais disputando uma Copa. Foi preterido em uma lista que teve inicialmente Ricardo Gomes, Mozer, Aldair e Ricardo Rocha e nem foi lembrado quando os dois primeiros se lesionaram e deixaram o grupo (Ronaldão acabou se sagrando campeão do mundo às custas disso).
6- Jardel (atacante, ex-Grêmio e Porto)
Jardel foi campeão da Libertadores pelo Grêmio em 1995. Mas, mais que isso, viveu momentos mágicos na Europa, em especial em Portugal - à época do seu auge, os lusos simplesmente não conseguiam como o "Super Mário" não era titular da amarelinha. Seu estilo centroavantão, apesar de encantar europeus, jamais cativou em definitivo os técnicos da seleção brasileira. Talvez, se tivesse tido a "sorte" de jamais ter sido convocado pela seleção, poderia ter sido um precursor de Liédson e Deco como atleta do escrete português.
5- Amoroso (atacante, ex-Guarani e São Paulo)
Tal qual Jardel, Amoroso brilhou no Brasil, mas viveu seu auge na Europa. Foi artilheiro nos campeonatos Alemão e Italiano, sendo um dos poucos a conseguir a façanha - e também no Brasil, no histórico Guarani de 1994. Sempre esteve entre os selecionáveis, mas jamais emplacou uma sequência de muitos jogos. Suas constantes contusões certamente colaboraram para que jamais jogasse uma Copa.
4- Marcelinho Carioca (meia, ex-Corinthians, Vasco e Flamengo)
Na humilde opinião deste que vos escreve, Marcelinho é o maior jogador da história do Corinthians. E muita gente endossa essa análise. Apesar deste "título", Marcelinho teve pouca história pra contar com a camisa da seleção brasileira. Mais uma vez, o comportamento é o maior culpado; mas, além disso, cabe dizer que Marcelinho sempre viveu acirrada concorrência no meio-campo e teve o auge de sua carreira em períodos entre Copas - em especial, do segundo semestre de 1998 ao primeiro de 2000, quando o Corinthians ganhou quase tudo.
3- Antonio Carlos (zagueiro, ex-São Paulo, Corinthians e Palmeiras)
Esqueçam o técnico em início de carreira, o estranho dirigente corintiano e o decadente atleta que deu um show público de racismo. Podemos prosseguir? Então, vamos lá: Antonio Carlos foi um baita zagueiro, que jogou muita bola em todos os times em que passou quando estava no auge. Campeão pelos quatro grandes de São Paulo (sim, ele conquistou DOIS títulos no Santos), fez com Aldair uma histórica dupla de zaga na Roma. Poderia ter tido mais oportunidades na seleção.
2- Evair (atacante, ex-Palmeiras, Vasco e Portuguesa)
Nome incontestável na lista de maiores jogadores e maiores ídolos da história do Palmeiras, principal protagonista (dentro de campo) do time alviverde que dominou o Brasil no biênio 1993/94. Também jogou muita bola no Vasco e na Europa. Tal qual Válber, participou de muitos jogos nas Eliminatórias para 1994 e sua convocação, meses antes do Mundial era dada como certa - a ponto de estar no álbum de figurinhas daquela Copa. Perdeu a vaga após clamor popular para Romário e as convocações de Viola e do então moleque Ronaldo.
1- Alex (meia, ex-Palmeiras, Cruzeiro e Coritiba)
Alex encabeça a lista porque, de todos os citados, é o que poderia ter jogado mais Copas. Era titular do Palmeiras em 1998, foi dado como convocado para 2002 e 2006 e, cá entre nós, não seria um total absurdo sua convocação para 2010. O azar que Alex deu é que, tal qual Marcelinho, os melhores momentos de sua carreira se deram em anos pós-Copa. Ou alguém duvida que se houvesse uma Copa em 2004 Alex seria titular e talvez até mesmo capitão do time, pelo que fizera no Cruzeiro um ano antes? Ele até hoje guarda mágoas de Felipão, de quem, segundo ele próprio, ouvira a promessa que seria convocado para 2002.
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Há um montão de nomes que poderiam estar na lista, e aguardo sugestões dos leitores com possíveis indicações. Um "problema" que identifiquei na hora de compor a relação foi que a maioria dos nomes que vinha à mente era de atacantes ou meias-avançados - e é por isso que gente como Túlio, Neto, Paulo Nunes, Donizete e outros ficaram de fora. Achei que seria interessante variar as posições entre os citados. Também não incluí jogadores que ainda estão em atividade e que, aparentemente, não jogarão uma Copa - os ex-santistas Diego e Renato são os principais expoentes disso. Mas como o futebol dá voltas, não é impossível que eles estejam no grupo de 2014 ou, vai saber, 2010.
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