O papagaio cinza africano Alex, provavelmente a ave mais famosa do mundo científico, acaba de deixar um grupo de etólogos órfãos. Destaque de programas de TV e de artigos científicos por saber reconhecer cores, falar mais de cem palavras e contar até seis (incluindo o zero), Alex morreu, de causa ainda desconhecida, na última sexta-feira.
O papagaio, de 31 anos, estava com a psicóloga Irene Pepperberg, pesquisadora das universidades Brandeis e Harvard, havia três décadas. As pesquisas dela com ele renderam avanços científicos significativos sobre cognição das aves e evolução da linguagem no cérebro.
Foi a partir desses estudos que se descobriu que papagaios não apenas repetem sons, mas são capazes entender conceitos.Em 1977, quando Pepperberg, então aluna de doutorado em química, comprou Alex em uma loja de animais, cientistas tinham poucas expectativas de que uma ave pudesse aprender a se comunicar com seres humanos.
Usando novos métodos de ensino, Pepperberg estimulou Alex a aprender grupos de palavras, que ele podia colocar em categorias, e a contar pequenas quantidades, além de fazer o reconhecimento de cores e de formas. Alex chegou a chamar uma maçã de "banereja", porque a fruta é vermelha por fora (como a cereja) e branca por dentro (como a banana).
O trabalho foi revolucionário. "Mudou a forma como pensávamos o cérebro das aves", disse Diana Reiss, do Hunter College, que trabalha com golfinhos. Outros alertaram para que não se humanizasse suas habilidades. Ele aprendeu e se comunicar em expressões básicas, mas não mostrava o tipo de lógica e capacidade de generalização de uma criança.
No entanto, há relatos de que Alex instruía outros papagaios no laboratório a falarem melhor quando eles gaguejavam. E de vez em quando mostrava frustração com exercícios repetitivos.
Pepperberg diz que Alex ainda não tinha atingindo sua capacidade máxima. Sua última conversa com ele foi na quinta-feira, quando se despediu dizendo: "Comporte-se. Vejo você amanhã. Te amo". Alex respondeu: "Você estará aqui amanhã".
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