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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Minas deixa o povo para trás

Mobilizações da Sociedade Civil | 22 de dezembro de 2008 | Envie para um amigo

Alberto Dines, bom jornalista e estudioso da comunicação, refletindo sobre as sapatadas do jornalista iraquiano contra Bush instituiu o sapato como meio e mensagem da comunicação e distribuiu merecidas sapatadas a meio mundo da política. A que destinou à Aécio Neves foi uma das mais bem endereçadas. Em pelo menos 80 cidades de Minas a população, principalmente a mais pobre e abandonada, vive em grande aflição, sofre e morre afogada pelas enchentes. Como é que as políticas de “choque de gestão” e “déficit zero” não serviram para minorar esta situação de calamidade pública? E o governador, a quem só interessa os projetos de poder? Ele só aparece de helicóptero e na propaganda perdulária que seu governo pratica, como primeiro item qualitativo das atividades de governo. Tudo em Minas Gerais é política de prestígio, de poder, para o governador aparecer como candidato à Presidência da república.

O melhor exemplo desse quadro é a lamentável situação em que se encontra um dos maiores hospitais públicos da América Latina em número de atendimentos, o João XXIII, em Belo Horizonte. É o maior hospital de urgências de Minas Gerais, realizando cerca de 400 atendimentos diários; uma referência, no estado, para traumatismos graves (acidentes automobilísticos, quedas de altura, agressão por armas de fogo, amputações, traumatismos cranianos, etc.) e a única para grandes queimados e intoxicações (medicamentos, agrotóxicos, picadas de cobra, escorpião, aranhas, etc.). E é onde falta tudo, desde monitores cardíacos, fios cirúrgicos, antibióticos, antiinflamatórios e outros meios para realizar exames essenciais!

Aécio investiu 20 milhões na estrutura física e mais 40 milhões no sistema de computação do hospital mas basta isto para tratar um hospital desse porte? E os salários de médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e radiologia que estão abaixo dos da rede municipal? Numa situação tão desastrosa muitos médicos não acharam outro caminho senão pedir demissão, levando o hospital para o CTI onde ele se encontra até hoje. Depois de um concurso realizado em maio de 2007 só 50% dos concursados assumiram.

Para salvar o hospital da situação de inanição em que se encontra, os médicos iniciaram um movimento que já contatou o Ministério Público (Promotoria da Saúde), o Sindicato dos Médicos, a Associação Médica e o Conselho Regional de Medicina. Todos participaram de Assembléias, visitas e reuniões com os mais diversos setores do estado - assembléia Legislativa, direção da FHEMIG, Secretaria de Saúde do Estado - e julgaram legal e necessário o movimento. Foram realizadas duas paralisações de 24 horas com o atendimento só dos casos de risco de vida, levando todos os outros casos para o atendimento das unidades da rede municipal já muito atravancadas com os atendimentos da capital e do interior do estado;

Depois de cerca de três meses de movimento e sete assembléias dos médicos, nenhuma proposta concreta foi apresentada pelo governo; nenhuma reivindicação foi negociada ou atendida. Enquanto atividades tão essenciais como a do Hospital João XXIII vivem no abandono, os artistas globais continuam aparecendo nos horários nobres da TV para alardear a preço de ouro os feitos do governo…. Eles afirmam como bons papagaios que o que mostram “é Minas andando para frente sem deixar ninguem para trás”. São mesmo atores e atrizes “globais”, que fazem tudo por dinheiro e sem compromisso algum com qualquer realidade.

(*) Este mesmo texto foi publicado pelo Observatório da Imprensa, onde está no link Jornal de Debates. Intervenha com comentários no debate do Observatório.

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